Na tradução literal, accountability significa responsabilidade, prestação de contas ou em accountable, responsável. Vale ressaltar que a responsabilidade implícita em accountability não é a responsabilidade pejorativa, no qual entendemos como “culpa”, mas possui uma relação de propriedade, no sentido de se preocupar com o bem.
A responsabilidade é algo que afeta um indivíduo de fora pra dentro, enquanto a virtude moral da accountability vem de dentro do indivíduo e se transborda para fora. Este conceito transportado para dentro do ambiente corporativo leva a reflexão de como um colaborador deve se comportar perante o ecossistema no qual faz parte.
Frases como: “Já deu o meu horário”, “não é meu cliente”, “já estava assim quando cheguei”, entre outras são exemplos de um comportamento presente em grande parte das empresas e que vai totalmente contra a metodologia accountability.
Antes de falarmos sobre a relação entre accountability e intraempreendedorismo vou evidenciar as principais características do perfil intraempreendedor:
– Proativo: não esperar ser demandado para uma solução, identifica a oportunidade e age de encontro com ela;
– Resiliente: é preciso ter a serenidade e convicção de que o objetivo será alcançado, independente dos percalços impostos pelos cargos superiores.
– Business Case: saber apresentar a idéia e o plano de negócio é fundamental para que as lideranças invistam no potencial novo negócio.
Quando o conceito de accountability é posto em prática dentro de uma organização os colabores trabalham com o senso de propriedade, no qual se sentem donos do negócio, entendem a sua responsabilidade dentro da empresa e transportam essa visão para o ambiente na qual a empresa está inserida.
Diante disso, quando as pessoas deixam de trabalhar pelo simples fator: remuneração é natural que as consequências sejam vistas na sociedade, através do empoderamento das idéias e liberdade de executá-las.
Intraempreender resumidamente é se tornar um empreendedor tendo como auxilio todo o recurso que uma empresa possui, ou seja, deixa de ser algo individual e passa a ser coletivo, ir além de suas funções, desprendendo-se do seu cargo para criar uma transformação (social e ambiental) com foco em pessoas e negócios. Mas isso é algo simples de se aplicar?
Infelizmente esta resposta é não! Como dito acima além das características principais um intraempreendedor deve ter o real entendimento entre o vínculo do negócio no qual faz parte com as oportunidades de desenvolvimento da sociedade.
E como esse vínculo é estabelecido? Esta resposta é mais simples, embora na teoria, à partir do momento em que a virtude moral do colaborador está 100% alinhada com a missão e valor de uma empresa, o objetivo dele é fazer com que o seu trabalho seja o potencializador da performance do próximo e ele consiga se sentir responsável pelos resultados aplicando a prestação de contas pelas transparência e não apenas pela obrigação.
Ele se torna empático com os problemas da sociedade, resultando em um entendimento mais claro das oportunidades de negócios que a sua empresa pode atender.
Embora um tema já discutido há alguns anos, ainda é pouco praticado, em tempos de crise e dificuldades o que mais ouvimos é que empresas precisam de inovações disruptivas, grandes transformações, mudanças de logomarcas, slogans, fachadas, enfim, quando na verdade o que mais sentimos falta no mercado é o incentivo ao intraempreendedorismo e cultura de accountability.
Fontes: João Cordeiro, pesquisador e autor; Profº Heiko Spitzeck.
Por Pedro Henrique Soares